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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O CONTADOR DE HISTÓRIAS

Preâmbulo
Alentejo, finais da década de setenta inicio da década de oitenta, nas zonas rurais a maioria das habitações eram feitas de taipa: Terra prensada que exigia grossas paredes para a sustentação da casa. A grande maioria não possuía agua canalizada, nem casa de banho, algumas nem energia eléctrica. As mais modestas não eram forradas,  possuindo as telhas à vista, permitindo a entrada do calor infernal no verão e o frio gélido no inverno, que entrava pelas fendas do encaixe das telhas, tornando a permanência nas habitações muito pouco confortável. Foi numa casa com estas características que vivi até a adolescência.

Nesta época o Alentejo era considerado o celeiro de Portugal, produzia-se grande quantidade de cereais nas suas planícies, mas também tomate, muitíssimo tomate que alimentava as fábricas de enlatados. Nas férias grandes, termo que ainda hoje é utilizado para definir o período de férias após o fim do ano escolar, era frequente os adolescentes trabalharem nas lavras de tomate, dos pais ou dos familiares.  Nas férias e nos fins de semana que as precediam. Após a plantação, as primeiras tarefas em que os adolescentes podiam ajudar eram os preparativos para a primeira rega, ajudando a fazer as cabeceiras dos regos, depois a rega, a monda e mais tarde... a apanha. A pior tarefa! Horas e horas intermináveis, por vezes com temperaturas superiores a 40 graus, inclinado para baixo para se chegar ao tomate, de joelhos ou sentado, quando as costas ou joelhos já não aguentavam de dor. Trabalhava-se ao sol desde as sete, oito horas, até às dezoito, dezanove horas. O almoço não tinha hora certa, cerca de uma hora entre o meio dia e as duas. A apanha manual do tomate, não só pela tarefa em si, mas pelas condições climatéricas em que era executada e pelo elevado numero de horas de trabalho, por vezes mais de dez horas diárias, era um trabalho extremamente duro. Apesar de já se terem passados três décadas  considero que foi o trabalho mais exigente em termos físicos que já efectuei.

O CONTADOR DE HISTÓRIAS

Desde tenra idade que leio banda desenhada! Posso afirmar sem receio de errar que desde que aprendi a ler, leio BD! As preferências è que têm vindo a mudar ao longo do tempo, no entanto, existem personagens que continuo a ler e coleccionar apesar de já terem passado mais de 30 anos. Inicialmente apenas lia livros de “cowboys”, mas rapidamente comecei a ler outros géneros, na prática, tudo o que conseguisse apanhar, sem no entanto ter preferência por nenhum deles: Caravana do oeste, Sioux, Façanhas do Oeste, Fantasma, Mandrake, O falcão, Xerife, Kalar, Tigre, Aventuras do FBI, Tarzan, personagens da Disney, super-heróis da Marvel etc. Nos finais de setenta, início dos anos oitenta, tive os meus primeiros contactos com diversos personagens que continuo a ler, admirar e coleccionar até hoje, aqueles que ainda são publicados.

Um desses heróis è um piloto norte-americano que esteve envolvido na guerra da Coreia. Saturado das matanças provocadas pelo conflito, decide ir viver para um lugar inexplorado, a Amazónia, mais precisamente, arredores de Manaus. No primeiro numero publicado pela Portugal Press em 1979, o piloto encontrava-se sem trabalho e sem wisky de qualidade e já em desespero, uma vez que o navio que deveria trazer o precioso líquido encontrava-se atrasado mais de vinte dias. Surge então um cliente que paga muito bem pelos seus serviços, apresenta-se como geólogo e pretende ser levado de avião até uma zona de floresta praticamente inexplorada, habitada por uma perigosa tribo indígena. Assim começa a história, mas com o desenrolar da acção os eventos vão-se precipitando, afinal... Sam Tucker não é geólogo e os seus objectivos são outros bem distintos da geologia. A história é envolvente e o leitor vai conhecendo os factos à medida que o protagonista. Quando chego ao final da revista encontro: CONTINUA… Palavra muito pouco habitual para as publicações portuguesas da época. Na altura, quase todas as revistas possuíam 32, 48 ou 64 páginas e, as histórias eram sempre curtas, por vezes mais de uma história por revista. Não faço ideia de quantos anos levei para saber a conclusão da história, mas recordo que foram vários anos até conseguir o Nº2, e o final, muito diferente do que tinha imaginado.

Poucos meses depois, numa outra colecção da Portugal Press, no numero seis, descubro outro herói que não mais parei de coleccionar. Uns misteriosos soldados atacam e escorraçam os habitantes da floresta, sejam eles  brancos ou índios. O protagonista, acompanhado por um companheiro extremamente gorducho, após uma luta com uma patrulha de soldados verifica que estão todos mortos, mas não como resultado da batalha, mas sim, por algo misterioso e inexplicável. Ao encontrar um chefe índio amigo é colocado ao corrente dos acontecimentos dos últimos meses e, com a ajuda deste, consegue infiltrar-se numa caravana e entrar no esconderijo dos misteriosos soldados, onde é capturado. Mais uma vez, no final da revista a palavra, “CONTINUA...”. Se no primeiro caso fiquei desiludido por não conhecer o final, neste foi pior! Não li o início nem o fim e, mais uma vez passaram-se anos até ler toda a história.

O terceiro personagem que conheci na mesma época, não conseguindo no entanto indicar por que ordem, foi na colecção Reis do Faroeste, publicada pela editora Ebal no segundo numero. A história começa pela origem do protagonista, o que nem sempre acontece na BD. É a história de um adolescente que vai viver para um rancho após a morte do pai, na companhia do seu tio, ex-ranger, e também um índio. Anos depois destes eventos, inimigos do tio assaltam o rancho sendo o rapaz o único sobrevivente, retirado da casa carbonizada por elementos de uma caravana de colonos, que se encontravam de passagem. Novo recomeço de vida, agora como guia do exercito, posto conseguido graças aos ensinamentos do seu tio e do índio,  ao longo dos muitos anos de convivência  Logo na primeira missão, apesar da tenra idade, revela-se um autêntico líder demonstrando grande coragem e inteligência.

Estes três personagens possuem algo em comum que à primeira vista não é identificável:  O seu criador, Sérgio Bonelli, também conhecido por Guido Nolitta. 
Pela descrição que fiz, para os apreciadores dos heróis da casa Bonelli estes personagens são facilmente identificáveis, com excepção do ultimo referido que teve poucas histórias publicadas no Brasil. Relativamente ao ultimo personagem, Estrela Negra, ou Tim Carter, foi o primeiro personagem criado por Sérgio Bonelli em 1958, com desenhos de Franco Bignotti, tendo sido publicado em Itália até 1975. Enquanto escrito por Noliyta as histórias eram dedicadas à gama infanto-juvenil, com muita comicidade presente, sempre a cargo de Dusty, o companheiro de Tim e para muitos o verdadeiro protagonista, devido aos pequenos episódios em que é envolvido. Dusty é um soldado, beberrão, fanfarrão e trapalhão que se vê envolvido nas mais inesperadas situações, devido à sua fanfarronice. Mas também é simpático,  generoso e um auxiliar muito útil para retirar Tim de situações complicadas.
Nollita com a sua pródiga imaginação coloca o pobre Dusty em três ou quatro situações hilariantes por história. No quarto numero da Colecção Reis do Far-West intitulado: “Noite de terror”, Dusty é preso por se encontrar bêbado numa cerimónia em que têm de disparar um canhão, perseguido por lenhadores após se vangloriar de ser o “Raio do Dakota” e lhes destruir a casa e, perseguido por peles-vermelhas como resultado da sua infalível técnica de pescar. Estas situações são meros exemplos das encrencas em que o pobre soldado é colocado em cada episódio.
O envolvimento de Sérgio em outros projectos, leva-o a abandonar Estrela Negra passados poucos anos depois, deixando-o a cargo do Seu pai, G. L. Bonelli, que alterou o conteúdo das histórias, reduzindo a componente do humor e aumentando a parte de acção. Em meu entendimento retirou da série, o elemento que a tornava diferente das outras existentes.

Zagor, ou “O espírito da machadinha” como é conhecido entre os índios,  ou ainda Patrick Wilding, o seu verdadeiro nome, foi o segundo personagem a que fiz referencia. Também ele criado pelo Sérgio em 1961 juntamente com Gallieno Ferri, este responsável pela parte gráfica. O ambiente em que se desenrolam as histórias de Zagor é o Far-west, mas para Nollita isso não é uma limitação pois nos seus argumentos é frequente encontrar outros elementos, como o fantástico, o terror, a ficção, o drama ou o humor. Zagor é publicado na Itália ininterruptamente à mais de cinquenta anos, existindo dezenas histórias que poderia referir e recomendar, mas vou me limitar à que considero melhor de todas: “Zagor contra
Winter Snake”, penso que posso baptiza-la assim, relata os trágicos acontecimentos desencadeados pela autorização dada pelo ministro do interior, a uma caravana de ricos europeus, para caçar bisontes em território Kiowa. Zagor e Chico  tentam a todo o custo evitar uma guerra entre brancos e índios  que os incidentes auguravam, no entanto, os seus esforços revelam-se infrutíferos.  Os Kiowas, como represália do massacre dos búfalos,  atacam violentamente a caravana provocando enormes baixas, forçando Zagor, apesar de discordar das acções dos europeus, a liderar os sobreviventes numa marcha desesperada em direcção ao forte mais próximo que, erradamente, julgava representar a salvação. É uma dramática história, a marcha desesperada dos europeus enfrentando privações inimagináveis para a sua condição social, mas também uma história de coragem, amor, paixão e até comédia. Esta parte é protagonizada por Chico, mas Zagor também tem a sua cota parte, nas situações em que se vê envolvido após a luta com os guias da caravana e, como consequência das paixões que despertou nas senhoras europeias, impressionadas com o seu aspecto físico e a selvajaria demonstrada em combate. Exemplos de humor no Zagor Nollitiano são imensos, estão presentes em todas as histórias, normalmente a cargo de Chico, mas também de  Trampy, Digging Bill, Batt Batterton entre outros, que são vitimas da veia satírica de Sérgio, que os coloca nas situações mais inimagináveis e inverossímeis,  com um único objectivo: Divertir o
leitor. Como exemplo recomendo a leitura da história de “Kandrax o mago”, iniciada no Zagor RGE Nº 10, “A marca da coragem” e concluída no Nº 16, “A sexta lua”. Esta excelente história, capaz de rivalizar com a primeira pelo titulo de a melhor história de Zagor, começa com um episódio protagonizado por Chicco e Batt Batterton. São cerca de quatro dezenas de páginas irrelevantes para a história de Kandrax, mas se fossem retiradas ficaria muitíssimo mais pobre: Chicco tenta ganhar dinheiro transportando as senhoras, a que ele se refere como “leves franguinhas”, atravessando as ruas enlameadas de Mel Rose, New Jersey e Bat Batterton, disfarçado de temível pistoleiro “Jonhy Carrasco”, para conseguir emprego de guarda costas. São quarenta hilariantes páginas.
“Dharma, a bruxa”, é uma excelente história de horror e do fantástico, em que um lorde inglês é vitima de uma terrível maldição aquando da sua estadia na Índia.  Como exemplo de ficção, os duelos com Hellingen, cientista louco que na segunda metade do século dezanove já tinha descoberto a energia eléctrica,  video conferencia ou bombas voadoras comandadas à distancia. Ao nível do suspense lembro-me da história intitulada, “O bom e o mau”, em que o responsável pelos incidentes apenas é revelado nas ultimas páginas. Os assuntos abordados também são muito vastos, ao ponto de abordar assuntos como mutações genéticas em “Aguas misteriosas”, isto para uma história que se passa no Far West, na primeira metade do século dezanove.

Mister No é o nome do piloto americano, criado em 1975, também por Guido Nolitta e Gallieno Ferri. Este personagem, totalmente diferente das outras criações é um anti-herói, possuidor dos atributos de Zagor e Estrela Negra, como a coragem, determinação, honestidade, mas também os defeitos de Chicco e Dusty: Beberrão, trapalhão e preguiçoso. As histórias de Mister No são bastante diversificadas, mas devido ao carácter do personagem, o gosto pelas bebidas e mulheres, o facto de ser trapalhão e azarado, transformam-no na vitima perfeita da imaginação inesgotável de Nolitta para lhe arranjar encrencas.

Tex Willer criado por Giovanni Luigi Bonelli em 1948, foi outro personagem do qual Sérgio Bonelli escreveu diversas histórias. Também neste herói Sérgio deixou a sua marca! “Caçada humana”, a primeira história que escreveu, é considerada por muitos como uma das melhores. Em Tex a componente humorística não está muito presente, limita-se às provocações entre Tex e Carson, talvez por não querer descaracterizar um personagem que não é criação sua. Das histórias que escreveu de Tex, a característica que mais aprecio é o suspense! Em “A grande ameaça”, a identidade do chefe dos assassinos da comunidade Mormom só é conhecida nas últimas páginas e, a verdade dos factos por ele revelada pouco antes de morrer. Na história, “O grito de guerra”, um atirador misterioso impede a assinatura de um tratado de paz entre brancos e índios e mais tarde assassina o filho do chefe indígena,  eliminando desta forma todas as esperanças de Tex, Carson e Tigre, de evitar a guerra. Também neste caso a identidade do atirador só é conhecida nas últimas páginas e Tex só o consegue descobrir graças um evento fortuito. No “Solitário do Oeste”, Tex e Kit Willer acompanham Timothy O`Sullivan, fotografo, numa expedição cientifico-militar na região do istmo do Panamá, como objectivo de verificar a viabilidade da construção de um canal que faça a ligação entre os dois oceanos. A história desenrola-se ao longo de cerca de trezentas páginas, em que a expedição sofre diversos acidentes e ataques contínuos por parte dos indígenas,  levando Tex e seus pard`s a suspeitarem de sabotagem. Também nesta aventura a identidade do responsável só é revelada no final da história, surpreendendo todos, incluindo o próprio leitor

Sérgio era exímio na arte de contar histórias, alterando os ritmos narrativos ao longo da história  e entrelaçando os diversos géneros numa harmonia perfeita, com personagens secundários muitíssimo bem caracterizados, com personalidades bem definidas, ao ponto de rivalizarem com o protagonista, na preferência do leitor. A capacidade de encadear drama, aventura, ficção, comédia ou horror, numa única história é a característica que mais aprecio nos seus argumentos. 
As primeiras aventuras de Zagor, tal como os outros personagens da época em Itália,  foram publicadas no formato de talão de cheques, as "striscias", sendo republicadas posteriormente no formato que vigora actualmente. Este tipo de publicação, com poucas tiras por revista não era o formato ideal para desenvolver histórias longas, com o encadeamento de pequenos episódios que Sérgio tanto apreciava escrever. Logo após o abandono deste formato, a qualidade dos argumentos escritos por Sérgio para Zagor subiu vertiginosamente, atingindo o nível de excelência que recordamos com saudade. Uma típica história  de Zagor, Mister No ou Estrela Negra, começa com os hábitos do dia a dia dos personagens, introduzindo neste episódio a comédia e um ritmo narrativo bastante lento relativamente à história principal. Algo acontece: Uma carta que chega, um encontro com alguém conhecido, uma morte, um...Algo que obriga os personagens a alterar as rotinas. Neste ponto, terminam os episódios por vezes irrelevantes para a história e o ritmo acelera até próximo do final, onde se dá a revelação. A acção diminui e segue-se um novo episódio cómico. Esta era uma das formulas de sucesso utilizadas pelo Sérgio para contar as suas histórias! Se analisar-mos as histórias de Zagor e Estrela Negra poderemos estabelecer esta comparação: Dois heróis com coadjuvantes trapalhões:  Chico está para Zagor como Dusty está para Estrela Negra, a diferença mais saliente é o aspecto físico.  Quanto a vícios,  Chico gosta de comer e Dusty de beber. As restantes qualidades e defeitos são comuns a ambos. Chico é protagonista em pequenos episódios normalmente no inicio e no final das histórias, por vezes completamente irrelevantes para a história principal, podendo ser cortados. Dusty, os episódios em que é protagonista são muito curtos, por vezes apenas duas ou três páginas, inseridos ao longo da história e com relevo, não podendo ser separados.

De todos os personagens que Nolitta escreveu, parece-me claramente que Zagor era aquele que lhe permitia maior liberdade criativa, socorrendo-se dos anacronismos  para se libertar das amarras da época. No entanto, quer em Zagor que lhe permitia escrever todos os tipos de histórias apesar de o ambiente natural ser o Far-West, quer em Tex que predominava o suspense, "escondendo" os responsáveis até próximo do final, ou em Mister No e Estrela Negra, com a aventura e comédia, Sérgio tinha sempre a capacidade de escrever óptimas histórias e na maior parte das vezes,  como podem confirmar lendo as histórias indicadas, verdadeiras obras primas .

Epilogo
Após a deslocação para casa, a maioria das vezes a pé depois de um dia extenuante na apanha do tomate, o que me dava maior prazer era ler uma boa história de banda desenhada, em que o maior esforço físico consistia em virar as páginas e movimentar os olhos. Ao iniciar a leitura, nas primeiras páginas por vezes encontrava escrito: “texto: G. NOLITTA”. Apesar da pouca idade, de não existir Internet e a informação disponível ser limitada à existente nas páginas das revistas de banda desenhada, eu já tinha percebido que, estas simples letras eram a melhor garantia do que poderia obter a seguir: Uma excelente história de BD!!

NOTA 1: Texto escrito em homenagem a Sérgio Bonelli, também conhecido por Guido Nolitta, pseudónimo com que assinava as suas histórias. Sérgio foi director da Edizioni Araldo, a actual Sérgio Bonelli Editore, editor de personagens como: Martin Mystiere, Dylan Dog e Nathan Never, e criador de personagens de BD italiana, vulgarmente chamada de fumetti. Em 1957 criou I jiudice Bean, 1958 Um ragazzo nel Far West, 1961 Zagor e 1975 Mister No. Escreveu também diversas histórias de Tex e de  Piccolo Ranger. Guido Nolitta faleceu em 26 de Outubro de 2011 com 78 anos de idade.

NOTA 2: A utilização de preâmbulo e epilogo, recurso utilizado por Nolitta em algumas das suas histórias, foi outra forma de o homenagear.

NOTA 3: A editora Mythos que lançou recentemente uma edição especial em homenagem a Sérgio Bonelli – “TEX APRESENTA: ESPECIAL SERGIO BONELLI”, está de parabéns. Esta sim é uma edição que se pode apelidar de especial! Edição com mais de trezentas páginas, três histórias, duas coloridas e em formato italiano, com uma óptima impressão, excelente colorização e impressa em papel de qualidade. Em minha opinião, a melhor edição já publicada por esta editora e uma homenagem justa e merecida a Sérgio Bonelli. Espero que tenha continuação e que se  transforme numa colecção de publicação semestral ou anual, a ser possível, esta nova publicação poderia ser utilizada para nos dar a conhecer as histórias escritas pelo Sérgio, de Zagor, Mister No e Estrela Negra, que continuam inéditas no Brasil. 

Histórias recomendadas:

Caçada humana (Tex 68-69)1
El muerto (Tex 112)1
Missão em Great Falls (Tex 131-134)1
O vale da morte (Tex 160)2
O solitário do oeste (Tex 163-165)2
A patrulha perdida (Tex 177-179)2
A grande ameaça (Tex 182-183)2 
O assassino sem rosto (Tex 193-195) 2

Zagor contra Supermike (Zagor RGE 2-4)
A marcha do desespero (Zagor RGE 4-8)
Kandrax, o mago (Zagor RGE 10 –14)
Dharma, a bruxa (Zagor RGE 17 –20)
Capitão Serpente (Zagor RGE 22 – Globo 26)
Retorno a Darkwood (Zagor Globo 29-32)
Aguas misteriosas (Zagor Globo 32-34)
O bom e o mau (Zagor Vecchi 7-9)

Um rapaz no Faroeste (Reis do Faroeste 2)
Noite de terror (Reis do Faroeste 4)
Deserto trágico (Reis do Faroeste 6)
O grande rodeo (Reis do Faroeste 8)
Ladrões da floresta (Reis do Faroeste 10)
Terras ensanguentadas (Reis do Faroeste 12)
A vitória da lei (Reis do Faroeste 13)

Mister No (Mister No Record 1)
O último cangaceiro (Mister No Record 2)
Os piratas do rio (Mister No Record 4)
Tango Martinez (Mister No Record 5)
Rio Negro e o templo dos Maias (Mister No Record 6 e 7)
O grande golpe (Mister No Record 11)
Alguém viu Carlos Gomez (Mister No Record 16)
Tsantas e os caçadores de cabeças (Mister No Record 19 e 20)


LEGENDA:

1 -  Tex 1ª E 2ª Edições brasileiras
2 -  Tex 1ª Edição brasileira

INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
http://www.texbr.com/misterno/index.htm

PS: Texto publicado posteriormente no blogue do Tex em 11 de Outubro de 2013
http://texwillerblog.com/wordpress/?p=48479

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

AS MINHAS COLECÇÕES DE BD - TEX, EDIÇÃO BRASILEIRA

INTRODUÇÃO


Nesta rubrica, “AS MINHAS COLECÇÕES”, o objectivo é dissecar os aspectos importantes de cada colecção, e em simultâneo fazer uma avaliação em termos de valor, possibilitando assim toda a informação relevante para os que ainda procuram completar as suas colecções.

CRONOLOGIA

O primeiro numero desta colecção saiu em Fevereiro de 1971 pela então editora Vecchi e, apesar de algumas interrupções mantém-se nas bancas até hoje, atingindo a incrível marca de 525 números. 
Ao longo destes quarenta e dois anos foram quatro as editoras a deter os direitos, isto considerando que a Rio Gráfica editora e a Globo, são editoras diferentes.

Entre Fevereiro de 1971 e Maio 1983, a editora Vecchi publicou Tex até ao no Nº 164, com o titulo de “Selva cruel”. Por motivos de falência da empresa que se viu forçada a cancelar a publicação de todas as revistas que possuía, incluindo Tex, deixando incompleta uma excelente história de Guido Nollita.

Passados alguns meses foi possível encontrar novamente a publicação nas bancas, desta vez pelo selo da Rio Gráfica que adquiriu os direitos de publicação para o Brasil. A editora optou por continuar a numeração em vez de iniciar nova colecção e, em Outubro de 1983 publicou o Nº 165 intitulado, “O rosto do traidor”, concluindo a história inacabada devido à falência da antecessora. A passagem de Tex pela Rio Gráfica foi a fase mais curta da colecção, uma vez que em Janeiro de 1987 a editora resolve mudar de nome para Globo, sendo ultimo numero sob a chancela da Rio Gráfica o Nº 206, “Fuga de Anderville”. Curiosamente, outra excelente história marca a transição de editoras, também com os desenhos de  Giovanni Ticci mas desta vez de autoria de Claudio Nizzi.

Iniciou-se então a fase da Globo no mês seguinte, com o Nº 207, “O hotel dos fantasmas”, escrito por Claudio Nizzi e desenhado por Guglielmo Letteri. Devido à crise económica que baixou drasticamente as vendas das diversas publicações, a editora procedeu a reformas envolvendo diversos despedimentos e cancelamento de diversas publicações, entre as quais se encontravam as colecções de Tex: Tex, Tex Colecção e Tex Edição Histórica. Esta fase que durou cerca de onze anos, terminou em Dezembro de 1998 com a publicação de Tex Nº 350, “A bomba humana”, de Mauro Boselli e Guglielmo Letterri.

A Mythos, uma nova editora no mercado não perdeu tempo e, no mês seguinte lançou a já famosa ,“O bando dos irlandeses”, de Mauro Boselli e Raffaele Carlo Marcello com o Nº 351. Também esta editora optou por manter a numeração, o que se compreende, pois não houve interrupção em termos temporais. Esta fase perdura até hoje, com o ultimo numero a ser publicado recentemente  em Agosto passado, o Nº 525, “O passado não perdoa”, de Pasquale Ruju e José Ortiz.

ASPECTOS A CONSIDERAR E OUTRAS CURIOSIDADES

  • O Nº 1, “O signo da serpente” publicado pela editora Vecchi em Fevereiro de 1971, veio acompanhado por um brinde: Um arco e flecha de plástico.
  • Os primeiros 37 números foram publicados num formato ligeiramente maior (14cmx21cm), muito semelhante ao italiano (16cmx21cm). Apesar disso não existia aproveitamento do formato italiano, pois os dois centímetros cortados em largura, implicavam deixar em branco vários centímetros nas partes superior e inferior das páginas. A redução de formato para o actual (13,5cmx17,5cm), a partir do Nº 38, pouco alterou a dimensão das vinhetas, apenas teve como consequência a eliminação dos enormes espaços em branco, nas partes superiores e inferiores das páginas.
  • Até ao Nº 39 apenas foram publicadas histórias completas. A primeira história em continuação ocupou três números (40 – O bruxo Mouro, 41 – O mistério das pedras venenosas e 42 – A caverna do vale dos gigantes).
  • As edições Nº 78 e Nº 160 vieram acompanhadas de poster`s, tal como o brinde do Nº 1, estes posteres são hoje itens muito raros e caros.
  • A editora Vecchi lançou diversas edições especiais com histórias completas, com um maior numero de páginas, entre 160 e e 240 páginas, intituladas de “Especial de Natal” ou “Especial de férias”. Estas edições faziam as delicias dos coleccionadores, limitados à existência de Tex e Tex 2ª edição. Para a editora significavam um aumento das vendas, uma vez que eram adquiridas, para além dos compradores habituais, por aqueles que gostavam de histórias de “Western”,  mas não estavam dispostos a esperar dois ou três meses para a conclusão da história. Os números das edições especiais da Vecchi são:  22, 34, 46, 58, 70, 82, 88, 94, 100, 106, 112, 118, 124, 135, 150 e 160 .  A editora globo publicou apenas uma edição especial, o Nº 300, intitulado “Oklahoma”. A Mythos, duas edições: Nº 400, “Homens em fuga”, e o Nº 500, “Os demónios da noite”. A acompanhar estas duas edições coloridas, folhetos também coloridos, de todas as capas publicadas até à data das edições.

  • Devido ao enorme sucesso da colecção, a editora Vecchi lançou uma segunda edição em 1977, proporcionando desta forma a possibilidade de os coleccionadores completarem as suas colecções, mesclando as duas edições. Esta forma de completar a colecção é aceitável, no entanto, desvaloriza a colecção devido às diferenças existentes entre as duas colecções, principalmente a partir do Nº 135. Devido à supressão da história “ A mão vermelha” do Nº 135 da segunda edição, as histórias publicadas entre o numero 135 e o 150 da primeira edição, não correspondem às publicadas com a mesma numeração, na segunda edição.
  • Existem outros aspectos e outras curiosidades de menor importância nesta colecção, para conhece-los recomendo uma visita ao Portal Tex Brasil.
MELHORES HISTÓRIAS

Numa série tão longa que perdura ao longo de mais de quatro décadas, com cerca de duas centenas histórias publicadas, existem dezenas de histórias que poderia referir. No entanto, vou me limitar a dez, sem identificar a ordem de preferência e sabendo que esta escolha é muito subjectiva, mas que na globalidade agradará à maioria dos Texianos.

  • A cruz trágica, argumento de G.L. Bonelli e desenhos de G. Ticci (50 - Flechas pretas assassinas, 51 - Tambores de guerra e 52 - Na policia montada).
  • Assalto ao trem, argumento de G.L. Bonelli e desenhos de G. Ticci (71 – Assalto ao trem) .
  • A grande intriga, argumento de G.L. Bonelli e desenhos de E. Nicoló (107 – O grande golpe, 108 – Em nome da lei, 109 – A cela da morte e 110 – A sombra do patibulo).
  • Missão em Great Falls, argumento de G. Nolitta e desenhos de F. Fusco (131- Missão em Great Falls, 132 – A rocha negra, 133 – tortura e 134 – O ataque dos monties) .
  • O solitário do oeste, argumento de G. Nolitta e desenhos de G. Ticci (163 – O solitário do oeste, 164 – Selva cruel e 165 O rosto do traidor) .
  • A grande ameaça, argumento de G. Nolitta e desenhos de A. Galleppini (182 – A grande ameaça e 183 – O vingador mascarado) .
  • O assassino sem rosto, argumento de G. Nolitta e desenhos de A. Galleppini (193 – O homem na sombra, 194 – Grito de guerra e 195 – A vingança de Jack Tigre) .
  • Chamas de guerra, argumento de C. Nizzi e desenhos de G. Ticci (204 – Os abutres, 205 – Território inimigo e 206 – Fuga de Anderville) .
  • Orgulho Navajo, argumento de C. Nizzi e desenhos de G. Ticci (294 – Percurso infernal, 295 – Fúria vermelha, 296 – Na pista dos renegados e 297 – Tempo de matar) .
  • Oklahoma, argumento de G. Berardi e desenhos de G. Letteri (300 – Oklahoma) .
Apesar de seleccionar dez histórias, a selecção é sempre polémica pois ficaram excelentes histórias de fora, como: “Caçada humana”, “El muerto”, “ A patrulha perdida”, “O juramento de vingança”, “O passado de Kit Carson” ou mesmo, “O bando dos irlandeses”, que para muitos coleccionadores merecem estar  no Top ten.

VALOR DA COLECÇÃO 1

Avaliar algo, tal como seleccionar as melhores histórias é sempre subjectivo e, depende de muitíssimos factores. A avaliação da colecção que se segue, têm como objectivo proporcionar aos coleccionadores que procuram adquirir determinados números, ou mesmo a colecção completa, a ideia dos valores que poderão encontrar. Os valores que apresento são para artigos em óptimo estado, livros usados sem defeitos, apenas apresentando o miolo amarelado de acordo com a idade. Numa revista com quarenta anos é aceitável que as páginas se encontrem amareladas, o mesmo já não se aceita para uma revista com cinco anos, que deve apresentar-se com as folhas clarinhas.
  • O Nº 1 é sem dúvida a revista mais cara da colecção, um valor justo para este exemplar oscila entre os 150 e os 200€. Este exemplar têm um valor de tal modo elevado, que actualmente encontram-se no Mercado Livre, site de leilões brasileiro, cópias de alta qualidade a cerca de 100€.
  • Os números seguintes apesar de terem um valor elevado, o preço baixa drasticamente se comparado com o primeiro exemplar. Assim, do numero dois ao numero nove podem ser adquiridos a um preço que oscila entre os 80 e os 150€.
  • Entre o numero dez e o trinta um, uma nova baixa de preço, com um preço a variar no intervalo entre os 50 e os 100€.
  • Para os números trinta e dois a trinta e sete, o ultimo de formato aproximado ao italiano, os preços podem variar entre os 30 e os 60€.
  • A partir do numero trinta e oito até ao numero cem, existe uma grande quebra nos valores pedidos por estes números, comparado com os anteriores. Algumas edições poderão sair do intervalo apresentado, mas mais de noventa por cento poderão ser adquiridos a um preço que varia entre os 6 e os 15€.
  • Do Nº 101 até ao Nº 164, último numero publicado pela editora Vecchi, a maioria dos números podem ser encontrados a um preço que varia entre os 3 e os 7€. As excepções são os últimos números publicados pela editora, entre o 159 e 164 que poderão atingir os 15€, assim como as edições especiais (106, 112, 118, 124, 135 ou 160) que poderão ser encontrados a um preço entre os 6 e 12€.
  • Os números publicados pelas editoras RGE e Globo são relativamente fáceis de encontrar, mesmo em Portugal, com preços a variarem entre os 2,5 e os 6€. O valor mais alto aceita-se para os primeiros números publicados pela RGE (165 ao 170) e os últimos números publicados pela Globo (340 ao 350). A excepção a estes valores é a edição especial Nº 300, “Oklahoma” que pode atingir os 15€.
  • Dos números publicados pela Mythos, apenas os primeiros números possuem valor superior ao actual 3,6€ por exemplar. Os números entre o Nº 351 e o Nº 400, assim como o Nº 500, edição colorida podem ser encontrados a preços que variam entre os 3 e os 6€, os restantes, entre 2,5 e os 3,6€, o preço de novo.
  • O arco e flecha de plástico, que foi oferecido com o Nº1 deve ser o iten da colecção mais valioso, sinceramente não lhe consigo atribuir nenhum valor. Ao longo de todos estes anos nunca encontrei nenhum à venda, nem sequer no mercado livre, apenas sei da existência do brinde, por comentários nos fórum`s e por artigos no Portal Tex Brasil.

  • Os poster`s que saíram em conjunto com as edições Nº 78 e Nº 160, são dos artigos mais valiosos e raros desta colecção. Normalmente estas revistas encontram-se à venda sem os referidos poster`s, que são vendidos separadamente. Se o poster da edição Nº 160 pode ser encontrado por preços a rondar os 15, 20€, o poster da edição Nº 78 atinge valores muito superiores, podendo rivalizar com os valores pedidos pelas primeiras edições, com excepção do Nº 1, ou seja,      entre os 50 e os 150€. 

  • A colecção completa incluindo os poster`s, possui um valor que varia entre os 4300 e os 5000€. Excluo o arco e flecha por ser praticamente impossível, quer de avaliar, quer de encontrar à venda. Muitos coleccionadores poderão achar que estou a sobrevalorizar a colecção e, julgarem que se adquirirem aos lotes ou individualmente, poderão completá-la por um valor bastante abaixo. Até poderão conseguir, mas terão de ser bastante pacientes e estarem preparados para esperar vários meses ou mesmo anos, dependendo de quanto abaixo destes valores pretendem pagar. Quem está a iniciar a colecção, se optar por esta forma de a adquirir, inicialmente poderá ficar com essa ilusão, pois as primeiras compras que efectuar, se comprar aos lotes, provavelmente conseguirá preços bastante abaixo. Mas à medida que for comprando lotes, as revistas repetidas vão se acumulando e também os exemplares em mau estado, que vai querer substituir mais tarde. Quando as faltas se limitarem às poucas dezenas, normalmente os exemplares mais difíceis de serem encontrados, é que existe a percepção da dificuldade em completar e da justeza do valor da colecção. O valor anunciado também inclui o valor sentimental de quem levou mais de quarenta anos para conseguir completar esta colecção, valor esse, que por vezes é desprezado por quem está comprador.

LEGENDA:
1  - Os valores apresentados, para compras efectuadas no Brasil têm em conta o câmbio actual de, 1 Euro para 3 Reais e, incluem o valor estimado dos portes de envio e a pagar na alfandega. No entanto, quem fizer aquisições de pequeno valor, os elevados custos de envio vão fazer disparar o custo unitário. Para conseguir custos na ordem dos mencionados, há que dimensionar o peso das encomendas, para que os custos alfandegários e de envio, tenham pouco peso nos custos unitários. Para isso, o ideal é que estes custos não ultrapassem os 25% do total pago.

FONTES:
Tex, edição brasileira
Portal Tex Brasil (seguem-se os principais link`s)

PS: Texto publicado posteriormente no blogue do Tex em 27 de Setembro de 2013
http://texwillerblog.com/wordpress/?p=48197

domingo, 8 de setembro de 2013

O FIM??

Meados de 2007, tinha redescoberto a minha paixão pela Bd que ficara adormecida devido à ausência das revistas nas bancas portuguesas. Essa descoberta surgiu por curiosidade, ao pesquisar na internet, fiquei a conhecer o blogue do Tex e o Portal Tex Brasil, dois sites muito bem elaborados e carregados de informação, que aguçaram a minha necessidade de completar as diversas colecções.Com muitas lacunas, entre as quais ressaltava cerca de 80 números entre os primeiros cem de Tex 1ª edição, comecei então a procurar em todas as livrarias e alfarrábios, por todos os locais onde passava, no sentido de conseguir os atrasados. Em paralelo, procurava nas papelarias os números que estavam a ser distribuídos mensalmente. Apesar de possuir a listagem dos pontos de venda onde eram distribuídas as revistas, os resultados eram insatisfatórios, uma vez que a distribuição era péssima e todos os meses via aumentar as minhas faltas. Perante este cenário, em que todos os meses perdia tempo e dinheiro nas deslocações aos diversos pontos de venda e sem conseguir os objectivos, o que fazer? Esperar que a distribuição melhorasse? E mesmo que acontecesse, como conseguir os atrasados?

Na minha procura para conseguir os atrasados, adquiri um grande lote de várias colecções de Tex, fiquei na altura com cerca de 150 exemplares repetidos e uma óptima oportunidade para testar a ideia que tinha em mente: Importar as revistas Bonelli que não encontrava em Portugal. Com a ajuda do José Carlos, que passou a mensagem aos seus contactos sobre as revistas que tinha disponíveis, a venda foi um enorme sucesso e em poucos dias vendi todos os exemplares. Este foi estudo de mercado que me mostrou a viabilidade do projecto.

O Trading Post surgiu assim, como o meio de completar as minhas colecções. Graças ao teste efectuado e à enorme lista de faltas fornecidas pelos coleccionadores, a probabilidade de sucesso era muito elevada. Foi assim que em 15 de Dezembro de 2007 o blogue do Tex apresentou o “Trading Post” Nº 0 [1]. Este folhetim serviu apenas de exemplo, uma vez que as revistas que apresentava não se encontravam à venda. O primeiro número saiu no mês seguinte como anunciado no Nº 0 [2]. Apesar dos indicadores positivos, nunca acreditei que durasse muito tempo, no entanto, beneficiando principalmente da alta do Euro, foi possível manter o TP bastante mais do que os seis meses inicialmente previstos.

Pretendia inicialmente completar todas as colecções de Tex, Zagor e Mister No que saíram no Brasil desde 1971. Faltavam-me centenas de exemplares, além dos mencionados da 1ª edição de Tex, não possuía nenhuma das colecções completas e não possuía nenhum exemplar de Zagor Vecchi nem de  Mister No Record. Com o passar do tempo e, ao conhecer outras colecções, senti necessidade de redefinir objectivos e torná-los mais ambiciosos, acrescentei então aos mencionados: A História do Oeste e Ken Parker. A História do Oeste é uma fantástica mega série de 75 números, que infelizmente nunca foi totalmente publicada no Brasil. A última tentativa foi efectuada pela editora Record nos inícios dos anos 90, terminando prematuramente e sem aviso, no numero quarenta e sete. Esta série, pela qualidade que possui, merecia uma nova oportunidade. A editora Mythos, que nos têm brindado com inúmeras séries de Tex, diversas delas a publicarem a mesma fase, deveria considerar o lançamento desta colecção como alternativa a Grandes Clássicos Tex, (sem espaço desde o lançamento de Tex Colorido). Afinal, já passaram quase vinte anos desde a última vez que esta série circulou pelas bancas e, mesmo os coleccionadores que possuem os quarenta e sete números, certamente que gostariam de possuir a colecção completa, segundo os padrões de qualidade da Mythos, com uma nova e actualizada tradução, em formato italiano e quem sabe, em edições de duzentas ou trezentas páginas.  

Em Junho de 2009 consegui dar o grande passo na conclusão de Tex 1ª edição, adquiri o que procurava há longos anos: Tex nº 1 da 1ª edição. Este exemplar não veio sozinho, adquiri-o num lote de 37 exemplares, os primeiros da colecção e os únicos em formato italiano. Curiosamente não os adquiri no Brasil mas sim em Portugal, comprei o lote a um coleccionador português que abandonou a colecção e colocou em leilão no miau. De uma só vez consegui os 37 exemplares mais caros da colecção, depois destes, completar a colecção tinha-se tornado muito mais fácil. Restavam alguns itens igualmente difíceis, mas também graças a este coleccionador, consegui adquirir os 2 posters que saíram acompanhados das edições nº 78 e 160.

Actualmente possuo quase todas as colecções completas, faltam-me apenas dois exemplares de Tex 2ª edição e o álbum de figurinhas de Tex, que saiu no inicio da década de 80. No entanto, este item é tão raro e caro, que não faço intenções de o adquirir. As vendas do TP desde o inicio do ano que se encontram em queda. O Euro caiu quase 20 por cento ao longo dos últimos meses, o que provocou um agravamento dos preços, consequentemente redução da procura, aumento do stock disponível e diminuição das compras. Este círculo vicioso não será fácil de quebrar, uma vez que as perspectivas para a Europa mantém-se pessimistas, não se prevendo nos próximos meses, a recuperação do Euro para patamares que me possibilitem apresentar preços competitivos. Para complicar mais a situação, sinto que a distribuição actualmente funciona bem melhor, facilmente se encontra revistas Bonelli nos pontos de venda. Até para as revistas usadas a situação mudou, encontram-se bastantes nos sites de leilões portugueses e a preços bastante competitivos.  

Foi com base nestas razões e também devido ao pouco tempo disponível que possuo actualmente por razões profissionais, que decidi terminar com o Trading Post. A edição Nº 30 do TP, colocada no blogue em 20 de Junho, marca conclusão deste projecto. Apesar de não editar mais o folhetim, vou continuar a comprar no Brasil, afinal, senão continuar, passados poucos meses já terei dezenas de faltas e não pretendo voltar à situação inicial.


Para terminar, gostaria de expressar uma palavra de agradecimento aos responsáveis pelo blogue e também, para todos os coleccionadores que contribuíram para o sucesso do TP através das suas compras. Graças a todos vocês, foi possível completar muito mais rapidamente as minhas colecções, para todos vós o meu muito obrigado e muita sorte na vossa procura.

Como conselho, e baseando-me experiência acumulada ao longo deste dois anos e meio: Recomendo aos coleccionadores que ainda não terminaram as suas colecções e que estão muito longe do objectivo, a estabelecerem um plano para o conseguirem, mas sejam flexíveis, não se limitem ao estabelecido. Durante este período, consegui trazer para Portugal exemplares raros, como Tex 1ª edição dos primeiros trinta e sete números e observei vários coleccionadores que apesar de considerarem o preço adequado a não adquirirem, porque a prioridade era completar as edições mais recentes. Compreendo a posição, mas considero um erro, recomendo que aproveitam a oportunidade de adquirirem estas edições sempre que surjam, que estejam nas condições que pretendem e que considerem um preço justo. Sejam flexíveis no vosso planeamento, certas edições são cada vez mais raras e mais caras, o que não acontecerá com as edições com quatro ou cinco anos. Exemplos: Tex no Brasil e Tex o mocinho do Brasil, estes dois livros tiveram apenas uma tiragem limitada a mil exemplares. Estas edições uma vez esgotadas serão muito difíceis de encontrar uma vez que os compradores são coleccionadores e não leitores. Pensem nisto.


PS: Texto publicado inicialmente no blogue do Tex 28 de Julho de 2010 para justificar os motivos do cancelamento do folhetim "TRADING POST"

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